Jesus cura o cego, Carlos Araujo (1950-) |
De fato, não é nada producente dizer que Jesus salva e que Jesus cura se não colocarmos um conteúdo consistente nessa frase. Aceitar o que o professor disse foi só o primeiro passo, mas levou anos para entender o que ele quis dizer. Nós temos que expor em termos concretos o que significa Jesus Cristo salva. Jesus Cristo nos salva do quê? Ele nos cura do quê? Esse é um problema da nossa existência: ele nos salva de que jeito? Somos realmente curados? Temos experimentado a salvação? Temos crido nas forças que curam? Temos recebido o poder de Jesus, o Salvador? Temos sido tomados por esse poder? Realmente Jesus Cristo é suficientemente poderoso para superar as nossas tendências neuróticas e neutralizar a rebelião da nossa subconsciência?
Sabemos que Jesus salva, mas diante dessa certeza temos experimentado os momentos em que a graça divina supera a ansiedade e o desassossego da nossa natureza humana quando eles mais nos castigam? Como tem sido os nossos momentos em que a graça de Deus conquista esses desejos desenfreados e as depressões escondidas que sempre se voltam contra nós sob a forma de ódio e hostilidade contra tudo e todos, inclusive contra nós mesmos. De que forma aceitamos e recebemos a cura do nosso desejo secreto de morrer? Mais importante que tudo isso: temos reconhecido os momentos em que a graça de Deus nos faz novas criaturas?
É isso que significa que Jesus Cristo salva, e é esse o problema de cada cristão no mundo seja em que época for: entender o que é ser curado, aceitar que Jesus salva e ser completamente tomado por essa salvação. Tudo isso debaixo de uma única e impreterível condição: da maneira como somos e do jeito em que nos encontramos aqui e agora.
Ao ouvir recentemente um sermão do capelão do Hospital do Câncer
no Rio de Janeiro, conheci o testemunho de uma senhora que me fez fazer a
seguinte promessa: enquanto Deus me permitir pregar o evangelho, eu contarei
esse testemunho.
Foi o seguinte: uma senhora ativa na igreja e reconhecidamente uma
boa cristã, recebeu, de uma hora para outra, a notícia de que tinha um tumor
maligno em alto grau de desenvolvimento. Na primeira visita que o pastor dela
acompanhado do capelão fez no seu leito de morte iminente, disse que a igreja
estava orando com fervor para que o seu quadro se transformasse radical e
milagrosamente. A senhora simplesmente disse: pastor diga a igreja para não
orar por mim desse jeito não. Estou conformada e muito bem com meu Deus, como
nunca estive antes. Eu jamais trocaria qualquer cura física pela cura
espiritual que essa doença me proporcionou.
Isso é ter fé. Isso é ser salva? Isso é ser curada.
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