10 Estratégias da Manipulação

Pollice verso, Jean Leon Gerome em  1872
Texto de Noam Chomsky.
1. A estratégia da distração:
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas. A técnica é a do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações sem importância. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público interessar-se pelos conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais,  atraída por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar. (Citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

2. Criar problemas e depois oferecer soluções:
Este método também é chamado: “problema--> reação--> solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o suplicante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o requerente de leis de segurança e políticas, em prejuízo da liberdade. Ou também: Criar uma crise econômica para que o povo  aceite como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A estratégia da gradualidade:
Para fazer que se aceite uma medida inadmissível, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, num prazo ampliado. Dessa forma, as novas condições impostas, as mudanças radicais são aceitas sem provocar revoltas.

4. A estratégia do adiar :
Outra maneira de provocar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício  futuro que um sacrifício imediato.
Primeiro, porque o esforço não é imediato.
Segundo, porque a massa, ingenuamente crê que “amanhã tudo irá melhor” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado.
Isto dá mais tempo ao cidadão para se acostumar à ideia da mudança e de aceitar com resignação quando chegar o momento.

5. Dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade:      
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonações particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tente procurar enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil. Por que? Porque dirigir-se a uma pessoa como se tivesse doze anos ou menos, tenderá, por sugestão, a adotar respostas ou reações mais infantis e desprovidas de sentido crítico.

6. Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão:
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para curtocircuitar a análise racional, e neutralizar o sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir a determinados comportamentos.

7. Manter o povo na ignorância e na mediocridade:
Fazer com que o público seja incapaz de compreender a tecnologia e métodos utilizados para seu controle e escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância entre estas e as classes altas permaneçam inalterada no tempo e seja impossível alcançar uma autêntica igualdade de oportunidades para todos.”

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade:
Fazer crer ao povo que está na moda a vulgaridade, a incultura, o ser mal falado ou admirar personagens sem talento ou mérito algum, o desprezo ao intelectual, o exagero do culto ao corpo e a desvalorização do espírito de sacrifício e do esforço pessoal.

9. Reforçar o sentimento de culpa pessoal:
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único culpado de sua própria desgraça, por insuficiência de inteligência, de capacidade, de preparação ou de esforço. Assim, em lugar de rebelar-se contra o sistema econômico e social, o indivíduo se desvaloriza , se culpa, gerando em si um estado depressivo, que inibe sua capacidade de reagir. E sem reação, não haverá revolução.

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem:
Nos últimos 50 anos, os avanços da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, a neurobiologia e a psicologia aplicada, o Sistema tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O Sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele se conhece.

Conclusão: Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um maior controle e poder sobre os indivíduos, superior ao que pensam que realmente tem.

Noam Chomsky é linguista, filósofo e ativista político estadunidense, professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts


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