Quais as bases do nosso sonho?

Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Salmo 126
Colheita do trigo, damiaomartinspintor.blogspot.com.br
Texto do rev. Jonas Rezende extraído do livro Salmos Para o Espírito.
Visitei a ilha de Patmos. Bem sabia que todas aquelas histórias a respeito da gruta onde João escreveu o livro do Apocalipse estavam irremediavelmente misturadas com lendas fantasiosas e como objetivo de incrementar o turismo religioso na bela ilha grega. Ainda assim, me emocionei ao imaginar o pobre homem de Deus, velho e isolado de todos, a sonhar com um mundo onde o mar não mais existe e, assim, o isolamento fosse anulado. E o seu sonho toma a forma tão bela, que João antevê outros tempos e lugares, a superação de tensões e sofrimentos e, finalmente, a vitória certa do propósito divino, na vida da humanidade e do cosmos: um novo céu e uma nova terra.

Ainda dessa vez, volto á utopia do salmista. Um sonho, entre tantos que o mundo conheceu. Como A República de Platão, escrita cinco séculos antes de Cristo. Ou A Cidade de Deus, de Santo Agostinho, A Cidade do Sol, de Campanela, Utopia de Thomas More – obras certamente inspiradas no velho solitário de Patmos.

Antigo como a humanidade é o sonho de um mundo melhor. Uma verdade que ninguém discute. Mas, dentro das expectativas judaico-cristãs, quais as bases desse mundo novo que ocupa o horizonte das nossas esperanças e aciona toda a nossa fé?

Fazendo uma síntese dos sonhos que povoam a nossa caminhada histórica, é possível dizer que um dos alicerces do esperado mundo melhor é o humanismo, temperado pela visão moderna da ecologia e pelo ideário que a Bíblia vem transmitindo através dos milênios.

Muitas correntes, em especial no século passado e começo deste terceiro milênio reivindicam a necessidade do humanismo. Vamos aproveitá-las. Assim como nos servimos da confissão de Terêncio: sou homem, e nada do que seja humano considero alheio a mim. Isso é, assumimos plenamente a condição humana: os impulsos do corpo e os anseios do espírito. Foi por esse caminho que nasceu o Renascimento do século XVI.

Mas há correções que podem ser feitas no humanismo marxista ou existencialista; na própria ideia de um trono antropocêntrico, que resultou na assustadora devastação ecológica, certamente o grande problema que temos pela frente, neste século e nos próximos.

Não basta a noção de progresso econômico e tecnológico. Nem as conquistas da engenharia genética, ou a aldeia globalizada. O homem pós-moderno precisa de uma ética que respeite a vida e as diversidades; que, acima de tudo, considere o desnível econômico entre as nações.

Mas, a fé pede também um mundo no qual, no dizer do apóstolo Paulo, Deus é tudo em todos. Uma base teísta. Não o Deus explicativo dos fenômenos cósmicos, mas o Deus bíblico. O Deus dos salmos. O Deus que interage pessoalmente com o ser humano, Senhor da História e Pai Nosso que está nos céus e em nós. Deus que tenha o rosto de Jesus de Nazaré. Apenas o Deus de Jesus equilibra e corrige os desvios do nosso humanismo.

Aqui estão, em síntese, as bases do mundo que sonhemos e que vamos construir com o auxílio divino. O Pai está comprometido come esse projeto. A verdadeira mensagem do Natal coloca Deus na terra: a transcendência se faz carne, para viver conosco. Confie. Espera. Trabalhe.

Uma vez para sempre, Deus está de mãos dadas com o ser humano. Com você.


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