O fim do mundo. II

O Bom Pastor, catacumbas de Roma, III século
Leiam Marcos 13.1-13 e 32-37

A degradação humana, a maldade da sociedade e o aumento da impiedade dizem que sim, mas não é não. Havia até recentemente, inclusive, um ditado corrente que se anunciava com a força de um versículo bíblico: De mil passarás, mas a dois mil não chegarás. Uma interpretação errada do que realmente disse Jesus: Passará os céus e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Bom, se isso basta então porque a igreja está tão preocupada em saber
quando será o fim? Talvez falte ainda analisar a segunda faceta da mensagem de Jesus. E a segunda faceta é aquela que Jesus está nos dando neste texto bíblico de Marcos: Nós nunca devemos nos concentrar nas coisas finais, mas devemos focar sempre as iniciais. Temos de imediato que parar de marcar datas, de fazer previsões, de identificar se os sinais são mais evidentes hoje do que nunca e procurarmos ser fiéis sempre. Qualquer estudo sério sobre o fim dos tempos tem obrigatoriamente que nos preparar e nos sensibilizar para o tempo presente. Mas como isso acontece? Para estamos prontos e preparados Jesus nos deu uma parábola sobre um homem que ia viajar para longe, mas não disse quando iria voltar. Antes da viagem, porém, deixa a casa organizada, distribui tarefas específicas para cada um dos seus empregados e ao porteiro manda vigiar, mas não diz se volta cedo ou tarde, de manhã ou de noite.

Esta é uma interessante e diferente das demais porque é uma parábola autobiográfica. Jesus a contou exatamente na última semana do seu ministério, nos últimos dias da sua presença encarnada entre nós. O homem que ia viajar não era outro, senão ele. Era ele que ia para um país distante. Mas ao mesmo tempo em que disse que ia viajar, ele também deixou claramente explícito que um dia iria voltar. Falava da sua volta no poder do Espírito Santo nos dias de Pentecostes. Falava da sua volta como Senhor de uma igreja cuja função era se expandir pelo mundo. Falava da sua volta como Senhor de toda a criação. Suas palavras ressoaram para aquele povo com firmeza e com a audácia. Eram palavras de quem tinha a certeza e o controle da situação. E são estas as palavras que nos alertam para que acordemos agora mesmo e vigiemos pelo resto das nossas vidas, porque não sabemos quando voltará o dono da casa.

Em tudo isso há uma pergunta que nos perturba: Estou eu pronto? Você está pronto? Como podemos saber? Há também embutido no texto um teste para nos conscientizar da nossa realidade. Jesus nos diz para vivermos hoje como se este dia fosse o último: Para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai! (Mc 13.36s) Este é o alerta válido para o fim dos tempos: Vigiar sempre.

Se este fosse o seu último dia o que nós faríamos? O que faríamos diferente do que fizemos hoje? A despeito de toda a preocupação que assola a humanidade sem saber o que fazer e como se preparar, Jesus nos assegurou que a preparação para o último dia é simplesmente receber hoje o Senhor que já voltou, o Senhor que está vindo agora mesmo. Esta é a preparação e segui-la à risca é a única forma de estarmos prontos e preparados.

O Segundo Testamento termina com uma afirmação que tem o peso de uma certeza. As palavras finais da Bíblia são a do Apocalipse 22.20: O Senhor diz: Certamente venho logo. Diz isso para as igrejas de todas as épocas reafirmarem as suas esperanças em um futuro tão distante, em um futuro tão difícil de entender, mas que ao mesmo tempo é um futuro tão promissor. Afirma isso para que toda igreja diga: Assim seja: Vem Senhor Jesus. Afirma isso para todos, todos os dias até ele voltar. E que a sua graça esteja conosco.

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