Quando a Tristeza Chega I

Stanley Jones falando para jovens em Berkeley, 1943
Trecho do livro do rev. Stamley Jones (1884-1973) missionário metodista.
Dar conselhos simples aos tristes e aflitos é fácil. Este livreto não tenciona dar conselhos, mas tem o propósito de compartilhar um modo de vida que tenho usado por muitos anos. Depois de aplicá-lo em todas as circunstâncias possíveis, em minha terra e em outros países, achei-o útil. Na verdade, não sei o que seja desânimo ou aflição. Não passo por isso há anos. Será que não tenho tido tristezas? Acredito ter percorrido o caminho do sofrimento e da decepção comum a todos. Mas, se descobri um modo de tratar a tristeza com um sorriso, usá-la e fazê-la cooperadora, apresso-me em dizer que esse modo não é meu. Aprendi com outra Pessoa. E você, também, poderá aprender.

Apresentarei sete sugestões negativas e, em seguida, sete construtivas. As sete sugestões negativas são como marcos que colocaremos ao longo da estrada da tristeza para nos impedir de errar e nos perdermos por desvios ilusórios e traiçoeiros. Muitos entraram nesses becos sem saída e perderam-se. Infelicitaram-se, remoendo inutilmente as suas frustrações e tristezas. Outros entraram no caminho da tristeza e do sofrimento, sem se deixar iludir pela tentação das circunstâncias, e assim se tornaram mais úteis e poderosos. 

1. Não pense que seu caso é o único. 
O seu caso pode ser comparado a muitos outros. É inevitável que a tristeza o alcance, de uma forma ou de outra, em um mundo como esse. Tome, por exemplo, a morte. Suponha que não existisse a morte. Em poucas gerações o mundo estaria superlotado. Uma geração passa e dá lugar à outra. A morte não é um fenômeno único - ocorre com todas as pessoas, mais cedo ou mais tarde. Mas a morte sempre nos surpreende quando atinge os nossos queridos. Não deveria ser assim. Todos nós nos encontraremos com ela no curso normal da vida humana.

Existem outros tipos de tristeza: perda de saúde, fracasso no trabalho, infelicidade no lar, falta de um lar - uma vida sem companheiro ao longo dos anos. Todas essas coisas se originam, em parte, da desumanidade do homem para com o homem e, em parte, por vivermos em um mundo imperfeito. Somos “os senhores incompletos de um mundo incompleto”. Como pessoas incompletas em um mundo incompleto fatalmente teremos aborrecimentos e tristezas. Eles surgirão quer queiramos ou não. A questão não é seu aparecimento - mas que efeito produzirão em nós. Poderão fortalecer-nos ou abater-nos. Um ou outro caso dependerá de nossa atitude pessoal.

2. Não tenha pena de si mesmo. 
Somos tentados a ter pena de nós mesmos. Não faça isso. O lastimar-se leva diretamente à introversão, o que tornaria doentia a tristeza. Se a ferida está livre desse sentimento de compaixão própria, logo estará curada, mas se estiver contaminada com ele, torna-se infecciosa, e uma ferida infeccionada leva muito tempo para sarar. Mantenha a sua ferida livre do vírus da compaixão de si mesmo. Quem se entrega ao seu próprio pesar, logo procurará a compaixão dos outros e, assim, agindo, a desgraça chegará rapidamente. Uma pessoa que tem pena de si mesma é pessoa que merece dó. Não cometa esse erro.

3. Não se entregue a uma dor excessiva. 
Muitos procedem desse modo, entregando-se a um pesar excessivo, pensando assim mostrar seu amor ao ente querido que partiu. É engano. Se a pessoa que partiu pudesse vê-lo, perceberia que esse excessivo pesar causa um mal muito grande à própria pessoa. Perturba a digestão, provoca o mau funcionamento dos órgãos, arruína a saúde. Como se sentiria o ente querido em vê-lo desfigurado, com sua saúde abalada pelo pesar? Mas se o visse lembrando-se amorosamente dele, seu afeto o faria feliz, vendo-o radiante e vitorioso - isso sim mostraria seu verdadeiro amor.

4. Não viva falando de suas tristezas. 
Você pode falar de suas aflições com um amigo compreensivo. Trazê-las à tona, muitas vezes, alivia a dor. Mas não divulgue a todos as suas tristezas. Não as compartilhe com todas as pessoas que você encontrar. Dessa forma seus males crescerão. Um amigo contou-me de um companheiro de infância que tinha o dedo polegar doente e, sempre que se encontrava com alguma pessoa, desenrolava a longa atadura e mostrava o dedo doente. Aquele dedo dominou o seu horizonte e o dos demais. Todas as vezes que alguém pensava nele, lembrava-se de uma pessoa que tinha o dedo polegar doente. Quando as pessoas lembrarem-se de você não deverão relacioná-lo com tristeza. Lembre-se da definição de uma pessoa maçante: “Uma pessoa que fala do reumatismo dela quando você quer falar do seu”.

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