O que é CONSOLAR?

Jó acusado pelos amigos, Willian Blake, em 1805
Na doença, no luto e na perseguição o ser humano sente a necessidade de buscar um consolador para receber conforto para a sua alma, porém, existem casos em que a dor é tão extrema que as pessoas rejeitam qualquer palavra ou atitude de piedade ante ao seu infortúnio. Mas, o que normalmente este homem espera é que algum amigo ou parente, movido de compaixão, venha visitá-lo na sua dor. O que nem sempre acontece é que alguns desses “consoladores” trazem mais peso e culpa do que realmente conforto. Muito embora nem mesmo o mais bem intencionado consolador com seus gestos, palavras ou rituais tenha o poder de trazer de volta aquele que partiu, o propósito é de não deixar só aquele que sofre, pois a tendência do assolado é se sentir abandonado por todos, inclusive por Deus.


Excluindo-se os amigos e parentes que se afastam completamente como medida de segurança, como se estivessem evitando um mal contagioso, a maioria das pessoas, mesmo as desconhecidas, se mostram solidárias a dor alheia de alguma forma.

Esta é a advertência que Jesus faz no seu primeiro sermão, deixando claro logo de saída que espírito quer semear nos seus discípulos: levar consolo a todos os que sofrem: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. (Is 61.1 e Lc 4.18) Jesus não faz diferença entre aqueles que estão sofrendo pelos próprios pecados, daqueles que sofrem vítimas das injustiças. Ele se oferece de corpo e alma para nos ajudar a carregar o nosso fardo, sem fazer restrição ao seu peso: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (Mt 11.28ss) Aqueles que foram aliviados dos seus fardos não podem ser indiferentes a estas palavras. A comunidade dos eleitos, a nação santa e o povo de sacerdotes não pode fugir à responsabilidade de tomar sobre os seus ombros os fardos daqueles que sofrem e levá-los à presença do Consolador.

Em uma hora em que a nação brasileira chora a perda de centenas de jovens, que no auge da sua mocidade traduziam as melhores expectativas de seus pais, não é hora ainda de caçar culpados e nem de avaliar propósitos. É a hora do ombro amigo, que chora e sofre junto. O grande milagre desse momento é descobrir o quanto Deus se importa com o povo que passa por esta terrível provação. É hora de criar condições para que o aflito descubra que ainda pode escolher entre a consolação que nasce da desolação ou mergulhar sozinho de vez no desespero. No mais, é pedir a Deus que faça com que os portadores da sua Palavra tenham discernimento suficiente para entender que o que conta para o seu Reino não é o entendimento perfeito dos motivos que levaram ao sofrimento, mas o consolo de quem já experimentou a dor em seu expoente máximo, e reviveu, pela glória de Deus, para nos mostrar que o consolo do seu Pai excede a qualquer compreensão.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...