Aprendi na igreja

Cultiva na criança o carinho pelas coisas de Deus, e, mesmo quando em idade avançada, nenhuma outra coisa satisfará tão gratamente o seu coração. Paráfrase de Pv 22.6
Jesus abençoa as crianças, Lucas Cranach (1472-1553)
Já há algum tempo tenho postado neste blog algumas indignações contra a situação da igreja nos dias de hoje. Tenho feito isso com bastante frequência sem citar nomes, mas também sem omitir as minhas falhas. Penso que já está passando da hora de expor as boas influências que a igreja causou e tem causado na minha vida, e quero que seja este seja considerado o mais fiel testemunho que já dei, até então, a respeito daquela que sempre considerei a porta mais aberta do Reino de Deus. Quero dizer também que aqui como em qualquer outro veículo em que já tive a oportunidade de manifestar a minha opinião, nada foi mais espontâneo e verdadeiro. Contudo, para que este testemunho seja mais abrangente e diga respeito a um maior número de pessoas e situações, não vou falar da minha preparação específica para o ministério pastoral e nem dos meus professores e mentores.


Quero falar tão simplesmente da inestimável e impagável contribuição que a igreja deu à minha vida, à formação do meu caráter e das ferramentas com as quais me municiou para a vida profissional, quando ainda não tinha pretensões eclesiásticas.

Primeiramente, tenho que falar da contribuição que fala mais diretamente a este blog. Foi a igreja quem me deu a grande e inusitada oportunidade de, quando criança, começar a manipular, redigir, editar e imprimir jornais e boletins. O meu interesse pela palavra escrita nasceu bem cedo, devido a esta chance que tive de participar ativamente da confecção de veículos de comunicação que eram realmente lidos e discutidos por pessoas de várias faixas etárias. Isso mesmo, os textos não eram somente lidos e apreciados em um grupo de crianças. Adultos faziam questão absoluta de adquirir e ler estes periódicos. Logicamente que os textos não passavam de informações já conhecidas, de cópias de outros materiais já editados ou de uma e outra curiosidade, mas a realidade é que oportunidade de um começo estava lá à minha disposição.

A reboque da manipulação da palavra escrita foi a igreja quem me permitiu também engatinhar nos princípios básicos da oratória. A necessidade do uso em público da palavra falada, quer em reuniões do departamento infantil, que tinha o pomposo nome de Sociedade de Crianças, quer nas classes de Escola Dominical, em congressos ou retiros cultivou em mim este dom, coisa que o ensino secular, embora recebido em excelentes escolas, sequer cogitou. Importante que se diga que uma simples repetição de um texto decorado, a sua leitura ou a citação da conhecida oração do Pai Nosso em voz alta em público, para uma criança que não foi educada nestas práticas é literalmente o maior dos pesadelos.

Não menos importante que as anteriores foi o aprendizado do uso de recursos financeiros comuns. O que priorizar quando se tem a responsabilidade de manipular os recursos de um grupo para que atenda o maior número de pessoas. Este dom, associado ao da capacidade de dirigir reuniões, que também aprendi nos banquinhos da igreja, me abriram completamente a visão de coletividade e de preocupação para com o próximo.

Por estes e por tantos outros motivos que foram deixados de lado, recomendo a você que é pai, mãe ou responsável por uma criança. Não negue a ela esta oportunidade que é única em nossa sociedade. Nunca veja isso como massificação de opinião ou como imposição religiosa. Muitos daqueles que comigo frequentaram estes banquinhos, embora não frequentem mais uma igreja, ainda se lembram com saudade e gratidão das horas que passaram brincando de aprender coisas sérias e importantes para toda vida. E eu nem disse que foi lá que aprendi a cantar.

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