O que é HUMILDADE? I

O sepultamento, Carl Heinrich Bloch em 1873
A humildade bíblica é em primeiro lugar a modéstia que se opõe à vaidade. Livre da insensatez da pretensão, o humilde não confia na sua própria sabedoria: Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal. (Pv 3.7)
A humildade que se coloca em oposição à soberba está em alta conta, pois ela espelha a atitude correta da criatura pecadora diante do seu Criador. O humilde reconhece que recebeu de Deus tudo que possui: Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?  (I Co 4.7); que é um servo inútil e sem valor: Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.(Lc 17.10); que ele não é nada a mais do que um pecador: Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. (Gl 6.3); e que sempre aberto à graça de Deus. Este é o servo bom e fiel a quem Deus irá glorificar: Certamente, ele escarnece dos escarnecedores, mas dá graça aos humildes. (PV 3.34) Sem qualquer parâmetro é a humildade de Cristo, que por sua humilhação salva e desafia os seus discípulos a servirem em humildade por amor, para que toda a glória seja dada a Deus: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. (Mt 5.16)

Israel aprende a ser humilde experimentando um Deus Onipotente, que o liberta da escravidão sem que este possua qualquer mérito ou valor: O SENHOR Deus os amou e escolheu, não porque vocês são mais numerosos do que outros povos; de fato, vocês são menos numerosos do que qualquer outro povo. (Dt 7.7) Em seus cultos, Israel tentava conservar viva esta lembrança, celebrando e rememorando os feitos de Deus. Louvores e ações de graças são devidos ao Deus único, a quem se deve todas as coisas. Israel experimentou também a humilhação na provação coletiva do exílio babilônico. Apesar de alertado pelos profetas, escolheu o caminho da soberba, e da autoconfiança. Sua história é o padrão registrado da natureza humana, que dá as costas ao Criador para exaltar a si e as coisas visíveis que não consegue explicar. Mas Deus a convida a voltar-se para ele com coração humilde e contrito. Mostra que no serviço ao próximo está o valor da confiança em um Deus justo, e da dependência em um Deus de misericórdia.

O homem que se inclina a voltar-se para ele recebe um coração novo, não mais empedernido pelo pecado, mas humilde e dócil. Aqueles que lhe são dependentes muitas vezes são chamados de pobres na Bíblia: Porque o SENHOR responde aos necessitados e não despreza os seus prisioneiros. (Sl 69.33), mas esta palavra, em vez do seu sentido clássico que designava a classe social dos infelizes, é ressignificada, porque procurar a Deus é investigar na pobreza e cavar na humildade, porque após o grande Dia do Senhor restará no meio do povo apenas o humilde e o pobre: Mas deixarei, no meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o nome do SENHOR. (Sf 3.12)

Não é sem causa que os modelos de humildade do Primeiro Testamento foram Moisés, a antítese do herói, e o Servo Sofredor de Isaías, que é submisso até a morte. Assim o Deus Altíssimo pode habitar livremente em seus corações. Em suas próprias vidas e ministérios preconizaram a vida e o ministério do Messias prometido.

Conhecimento e temor são frutos da humildade. Somente essa humildade conduz o homem à riqueza de espírito, à glória da imagem de Deus e à vida abundante. O Espírito do Deus Altíssimo habita naquele que é humilde e cujo coração é contrito. O próprio Deus se encarrega de defendê-lo contra toda a arrogância e injustiça: Não tire vantagem do pobre só porque ele é pobre, nem se aproveite daqueles que não tiverem quem os defenda no tribunal. Pois o SENHOR defenderá a causa deles e ameaçará a vida de quem os ameaçar. (Pv 22.22s)

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