A Atitude Cristã com o Trabalho

Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. Efésios 4.28
Passeata do Dia do Trabalho, em Detroit, em 1942
Texto de João Wesley Dornellas escrito em 7 de maio de 2000.
Tivemos mais uma comemoração do Dia do Trabalho, na realidade um dia em que quase ninguém trabalha. Mais um feriado e, desta vez, ele caiu numa segunda feira. Às vezes chegamos a pensar que o trabalho é um castigo. É, de fato, uma interpretação errada da narrativa bíblica da expulsão de Adão e Eva do Paraíso, obrigados a comer o pão com o suor do rosto. Já havia trabalho antes no Paraíso. A maldição não era sobre o trabalho, mas sobre a terra que, por produzir pouco e mal, exigia mais trabalho para produzir o fruto: pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou. (Gn 5.29).

Na realidade, o trabalho é uma bênção. É por esta razão que Jesus diz claramente em Jo 5:17: “meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também”. Jesus só recrutou como discípulos pessoas que estavam trabalhando. João, Pedro, Tiago e André foram chamados quando executavam trabalhos de pescador; Mateus enquanto cobrava impostos. Nenhum estava ocioso. Da mesma forma foram chamados os profetas do Antigo Testamento. Paulo, apesar da tarefa errada, também foi chamado pleno trabalho.

A ordem de Deus é trabalhar. Por isto, mandou descansar no sétimo dia; os outros são de trabalho. Longe de significar castigo, é uma bênção maravilhosa. Perante Deus todos os dias são sagrados. Paulo combate a preguiça e adverte contra a ociosidade (I Ts 4:11; II Ts 3:6-15; Ef 4:28, por exemplo). No Antigo Testamento, o livro de Provérbios está cheio de recomendações sobre o trabalho pois toda a criação trabalha: Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado.(Pv 6.10s)

Todo trabalho é, antes de tudo, um serviço a Deus. O ser humano não trabalha apenas para a satisfação de suas necessidades. O cristão trabalha para servir a Deus, para manifestar, em adoração, que reconhece a Deus como Criador e a si mesmo como criatura. Tem que diariamente dar graças a Deus porque pode trabalhar, porque tem trabalho para fazer e porque reconhece que, além de trabalhar para sustentar sua família, tem que trabalhar também para estabelecer o Reino de Deus na Terra.

Finalmente, por reconhecer o valor do trabalho, nós cristãos temos que olhar à nossa volta e ver o que está acontecendo com relação ao trabalho. Primeira, há muita exploração dos trabalhadores. Temos que olhar para dentro de nós mesmos e ver se fazemos parte do time que os explora. Caso positivo, parar imediatamente com essa prática. Os índices de desemprego estão muito altos, não só no Brasil, mas em quase todos os países.

Precisamos, como cristãos, ser solidários com aqueles que querem trabalhar, mas não conseguem o emprego de que precisam para sustentar suas famílias e educar os seus filhos, que estão por aí, aos milhares, passando necessidades. Temos que nos preocupar também com os jovens que estudam, se esforçam, mas não conseguem trabalhar. O que será do seu futuro? Como cristãos somos obrigados a lutar contra toda forma de injustiça, da qual a falta de emprego é uma das piores facetas. O juízo de Deus está sobre a Igreja e sobre todos nós que fazemos parte dela.


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