Um por todos e todos por um

Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre. Salmo 133
Texto do rev. Jonas Rezende

Monte Hermon, http://looklex.com
Instituição comprometida com o lema da Revolução Francesa - li­berdade, igualdade e fraternidade a maçonaria, que no Brasil e no mundo participou de tantas e justas lutas, inicia seus encontros com a leitura deste pequeno e importante salmo de Davi. O poemeto utiliza imagens pertinentes da história e da geografia da Terra San­ta, para justificar seu verso de abertura: é bom e sobremodo agradá­vel viverem unidos os irmãos.

O povo de Israel foi plasmado por Moisés, que o dirigiu desde o Egito, fugindo da servidão, até a terra onde deitaram suas raízes e se estabeleceram como nação. Viver nessa comunidade era participar da sua memória, passada de pai para filho, ainda antes do seu registro escrito. Significava realizar celebrações que dramatizas­sem, com suas festas, a vida de escravidão no Egito; a grande liber­tação; a travessia do mar Vermelho; os 40 anos no deserto, quando viveram em tendas, o que sempre haveria de lembrar-lhes a provisoriedade de tudo; as sedições contra o líder; a Arca da Alian­ça, com as tábuas que registravam os dez mandamentos; o bezerro de ouro; a ação de Deus dia e noite; o maná; a água que jorrou da rocha; o sonho com o grande templo, que apenas seria construído por Salomão, filho de Davi.

Tão importantes são as tradições judaicas e tão arraigadas ficaram no coração do povo que, durante a longa diáspora ou dispersão dos judeus, do ano 70 d.C., quando se dá a queda de Jerusalém e a derrubada do templo por Tito, até 1948, com o reconhecimento do moderno Estado de Israel - embora esparramados pelo mundo in­teiro, os hebreus mantiveram a sua identidade como povo. E, desde a volta para a terra, ressuscitaram o hebraico como língua oficial, fato ainda mais importante que a hipótese de o latim voltar a ser falado em Roma.

Sem tomar partido nos intricados problemas atuais do Oriente Mé­dio, quero apenas reconhecer que a comunidade judaica cultivou as tradições surgidas nos tempos bíblicos, e foi isso que manteve a sua integridade nacional, como o rei Davi registra neste salmo.

O livro Ensaio sobre a cegueira, do grande escritor português José Saramago, lembra-me uma parábola bíblica. Porque apresenta a história de uma sociedade em que todos vão ficando cegos.
É neste mundo, em que se perde o contorno das coisas e o papel dos valores e conceitos, que a experiência de pequenas e grandes co­munidades, da família ao Estado, ganham uma importância ainda maior. Porque, na união decantada pelo salmista, podemos redescobrir e resgatar o que é de fato importante para os novos tem­pos que estamos vivendo. A sabedoria popular nos instrui: a união faz a força. E o lema dos três mosqueteiros que, por sinal, eram qua­tro, ajuda-nos como inspiração: um por todos e todos por um.

Um velho hino, baseado no salmo de Davi, suplica a Deus:

Envia-nos, Senhor, do teu monte Sião
aquela graça que produz a santa e doce união.

Se você concorda, diga apenas amém.



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