Os Dez Mandamentos

Tábuas da lei, Jekuthiel Sofer, século XVIII
Os Dez mandamentos não são normas para constrangimento da humanidade em geral como muitos pensam e julgam. Eles são um meio alternativo de vida para um povo particular conhecer um Deus particular. Assim são os mandamentos, para produzir um povo que é um sinal, um símbolo, o povo que é testemunha de que Deus não abandonou o mundo à sua própria sorte. Estas dez palavras ou mandamentos são para aqueles que se reconhecem herdeiros da herança de Abraão, Isaque e Jacó. Por aqueles que
são reconhecidos por adorarem o Deus de Jesus Cristo. Estes mandamentos são a forma que conhecemos para louvar o Deus verdadeiro, verdadeiramente.


Vamos rapidamente recordar a história. Israel estava na escravidão no Egito e foi liderado por Moisés para a liberdade de uma terra grande e boa. Aqui temos um Deus que se intromete, que age, que cuida, de Moisés e de todo o povo. Mas porque Deus fez isso? Será que ele é contra a escravidão? Certamente ele é contra, mas não foi esse o motivo principal. Primeiramente foi pela confrontação com os deuses dos poderosos. Deus chamou libertou seu povo e o levou para o deserto para reensinar-lhe como é a vida longe da escravidão e longe da idolatria. A partir de uma sequência extraordinária de eventos o povo saiu do Egito e chegou até o monte Sinai, onde recebeu os Dez Mandamentos para viver uma vida alternativa, sem distinção de classes, sem superstições, sem grilhões e o mais importante, sem ter que se curvar diante de criaturas falsamente divinizadas. Como esse povo se converteria de uma religião que se anunciava pelo que é visível e imposta pelo poder, para um culto a um Deus invisível que convida para a liberdade em amor?

No deserto eles aprenderam que a partilha é mais importante que a prosperidade, que o cuidado com o irmão é mais significativo do que um sacrifício, que a palavra é mais forte e mais duradoura do que monumentos de pedra. Aprenderam também a ser um povo onde todos eram clérigos e todos eram pastores, foram para o deserto como um bando de escravos para saírem de lá uma nação de sacerdotes. Exatamente como, mais tarde, Pedro iria concluir na sua carta: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (IPe 2.9) Este sim é o motivo real pelo qual o povo foi liberto: para proclamar as virtudes daquele que os libertou das trevas.

Quando a Bíblia nos diz que somos chamados para sermos nação santa, quer dizer também que neste mundo somos forasteiros, somos gringos aqui nesta terra, porque a nossa nação é o Reino de Deus. Somos chamados para viver em obediência, coisa que os outros povos simplesmente desconhecem. Vivemos desta maneira para que quando eles ouvirem falar de nós simplesmente confirmem o que diz o Deuteronômio 4.6: Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente.

Os reformadores protestantes ensinavam que uma função importante dessas dez palavras é a nos trazer a revelação. Aqui vem a graça. Na nossa tentativa de obedecer a essa lei, o que descobrimos o grau do nosso pecado. Quanto mais nos esforçamos para cumprir os Dez Mandamentos, mais conhecemos o tamanho do nosso fracasso. Sempre pensamos que os mandamentos serviam para nos salvar, mas é o contrario. Eles servem para nos conscientizar do nosso pecado, servem para nos fazer ver a nossa necessidade de perdão, e servem também para nos revelar o Deus que, apesar das nossas dúvidas, dos empecilhos que criamos, e das nossas revoltas internas e externas, nos quer perdoar, nos querer de volta e nos amar. Os Dez Mandamentos só vieram confirmar que nós somos salvos por meio da graça, e não pela obediência às leis.

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