Pai Nosso comentado por Wesley

Pai Nosso, Fridolin Leiber (1853-1912)

Texto extraído das Notas Explicativas sobre o Novo Testamento, de John Wesley. Esta oração consiste em três partes: o prefácio, as petições e a conclusão. O próprio Pai Nosso, que estás nos céus, estabelece a base geral da oração, isto é, aquilo que devemos conhecer de Deus, antes que possamos a ele orar confiantes de que seremos atendidos, ao mesmo tempo em que nos sugere a fé, a humildade, e o amor de Deus e dos homens, com que de Deus nos devemos aproximar em oração.

     Parte I

1-    Pai Nosso– que és bom e gracioso para com todos, nosso criador e protetor; pai de nosso Senhor e, através dele, nosso pai também; não somente meu pai, mas pai do universo, dos anjos e dos homens.

2-    Que estás nos céus – vendo todas as coisas, no céu e na terra; conhecendo cada criatura e as obras de todas as criaturas, bem como todos os acontecimentos possíveis de eternidade a eternidade; Senhor todo-poderoso e Governador de tudo, superintendendo e dispondo todas as coisas.

3-    Nos céus– eminentemente lá, porém não somente lá, pois tu enches os céu e a terra.

Parte II

4-    Santificado seja o teu nome – que Tu, ó Pai, sejas conhecido verdadeiramente por todos os seres inteligentes, e, com afeição igual a este conhecimento, sejas devidamente honrado, amado e temido por todos no céu e na terra, por todos os anjos e por todos os homens. Venha o teu Reino – que o Teu Reino de graça venha rapidamente e tome posse de todos os reinos da terra, que toda a humanidade receba-te, ó Cristo, por seu Rei, crendo verdadeiramente em Teu nome, se encha de retidão, paz, alegria, santidade e felicidade, até que seja arrebatada para o Teu Reino de glória, para ali reinar contigo para todo o sempre.

5-    Seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu – que todos os habitantes da terra façam a Tua vontade, desejando-a tanto quanto a desejam os santos anjos; que Tu, ó Espírito de graça, pelo sangue de uma eterna aliança, os faça perfeitos em toda a obra, conforme for agradável aos teus olhos.

6-       Dá-nos – Ó Pai, pois não pedimos nada por justiça, mas somente pela tua livre misericórdia.

7-    Hoje – pois não pensamos no amanhã.

8-    O pão nosso de cada dia – todas as coisas necessárias aos nossos corpos e almas, não somente o pão que perece, mas o pão sacramental, a tua graça, o alimento que permanece para a vida eterna.

9-    E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores – dá-nos, ó Senhor, redenção no teu sangue, e o perdão dos nossos pecados; assim como nos capacitaste para livremente e completamente perdoar a qualquer homem, assim como perdoa Tu as nossas transgressões.

10-  E não nos induza à tentação, mas livra-nos do mal – sempre que formos tentados, ó Tu que ajudas as nossas enfermidades, não nos permitas sofrer ao entrar em tentação, ser derrotados ou vencidos pelas tentações; aponta-nos um caminho para escaparmos, a fim de que sejamos mais do que vencedores pelo Teu amor, não somente sobre o pecado, mas também sobre todas as suas consequências.

Ora sendo que o principal desejo do coração cristão é a glória de Deus, e tudo que ele deseja para si mesmo e seus irmãos é o pão cotidiano para o corpo e para a alma, ou seja, o sustento da vida animal e espiritual, perdão dos pecados e a libertação do seu poder e do diabo. Nada há, portanto, que o cristão possa desejar além disso; assim esta oração compreende todos os seus desejos. Vida eterna é certamente uma consequência, ou melhor, um complemento da santidade.

Parte III

11- Pois teu é o Reino – O soberano sobre todas as coisas criadas e por criar.

12- O poder – poder executivo, pelo qual governas todas as coisas no Reino eterno.

13- E a glória – louvor que Te é devido por todas as criaturas, por Teu poder e maravilhosas obras, por teu Reino que dura para sempre.

É claro que através da doxologia, bem como pelas petições desta oração, é ela tríplice, e é dirigida ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim que seja totalmente aplicada a cada uma das pessoas completamente, e a sempre bendita e indivisível Trindade.