O que é ÊXODO?

Saída dos hebreus do Egito, David Roberts em 1828
A palavra exodos significa caminho de saída. Na Bíblia, ela designa especialmente a saída dos hebreus do Egito. A tradição judaica afirma ser a longa peregrinação de quarenta anos que os levou do Egito à Terra Prometida através do deserto, tendo suas diversas etapas narradas no Pentateuco.  Este acontecimento se tornou no pensamento judaicocristão posterior o penhor de todas as libertações efetuadas por Deus em favor de seu povo.

O nascimento do povo de Deus foi efetuado no sangue: Ez 16.6s - Ao passar junto a ti, eu te vi a estrebuchar no teu próprio sangue, eu te disse: “Vive”. Fiz com que crescesses como a erva do campo. Foi então que Deus gerou Israel, fazendo com que Abraão fosse seu pai. Sinal do amor divino, o Êxodo é também penhor da salvação prometida aos patriarcas. Contudo, a esta solicitude manifestada com prodígios, Israel respondeu com ingratidão e infidelidade.

Em razão da infidelidade, o povo se vê novamente cativo na Babilônia. Então é anunciado um novo Êxodo, e outra vez Deus irá libertar o seu povo. Que todos os estropiados recobrem o seu vigor e se preparem para uma nova saída por um caminho através do deserto: Is 43.19 – Eis que vou fazer uma coisa nova, ela já vem despontando: não a percebeis? Com efeito, estabelecerei um caminho no deserto, e rios em lugares ermos. Como outrora o mar Vermelho, o Eufrates irá dividir-se para deixar passar a caravana do Novo Êxodo.

Fazendo de João Batista a “voz que clama no deserto para preparar o caminho do Senhor” a tradição apostólica quis afirmar que a obra redentora efetuada por Cristo era a realização do mistério da salvação prefigurada no Êxodo. Dentro dessa mesma intenção, considerou Jesus como o “Novo Moisés” que já tinha sido anunciado em Deuteronômio 18.18: Vou suscitar para eles um profeta como tu, do meio dos seus irmãos. Colocarei as minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo o que eu lhes ordenar.

O tema do êxodo é abordado por Paulo sob outro aspecto. Para ele, Jesus é o verdadeiro Cordeiro Pascal que foi imolado por nós. Os prodígios do Êxodo: passagem pelo mar, o maná, a água que brota da rocha etc, são figuras das realidades espirituais trazidas por Cristo: I Co 10.1-4  – Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, todos atravessaram o mar, e na nuvem e no mar todos foram batizados em Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.

Pedro desenvolve o tema numa perspectiva mais eclesial. Resgatados pelo sangue do Cordeiro, o cristão é levado das trevas à luz para ser o novo Israel de Deus.

João oferece uma teologia mais elaborada. Libertados da servidão do Diabo pelo sangue do Cordeiro, os cristãos estão no deserto a caminho do Reino dos Céus. São nutridos por Cristo, o pão vivo que desceu dos céus, e saciados pela água que jorrou do seu lado na cruz. Feridos, são curados olhando para Cristo suspenso no madeiro. O Êxodo se completará quando o mundo aqui de baixo se tornar o mundo lá do alto.

O Apocalipse tem uma perspectiva bastante parecida com as epístolas de Pedro. Pelo sangue do Cordeiro, os cristão foram resgatados do mundo mau submetido a Satanás, para formar o reino de sacerdotes anunciado por Deus no Êxodo: Ex 19.5s – Agora, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança sereis para mim uma propriedade peculiar entre todos os povos, porque toda a terra é minha. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Estas são as palavras que dirás aos filhos de Israel.

Escrito num tempo de opressão o Apocalipse soa como um canto de vitória. A recordação do mar Vermelho lembra que a derrota dos inimigos está próxima. Serão aniquilados pela Palavra de Deus tal como no Êxodo, foram aniquilados os primogênitos pela praga que se abateu sobre o Egito.

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