Felizes os perseguidos por causa da justiça

Santos mártires, ícone medieval
Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas. Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. Fiquem alegres e felizes, pois grande recompensa está guardada no céu para vocês. Porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês. Mt 5.10-12

Finalmente chegamos à bem aventurança da perseguição, uma bem aventurança de duplo sentido. Nela estão incluídos todos os que são perseguidos por praticarem e fazerem valer a justiça, como aqueles que são perseguidos por serem fiéis discípulos de Jesus. Tanto um como outro são elevados por Jesus à categoria de profetas do Deus altíssimo, não tanto pelo seu conhecimento das Escrituras, nem pelo seu zelo doutrinário ou pela sua correta disposição dos credos e postulados teológicos, mas por entregarem as suas vidas à promoção da justiça, que, em última análise, depois do amor, é o principal mandamento de Deus expresso em sua vontade. Jesus não é nem um pouco comedido nesta comparação, uma vez que fala que estas pessoas de hoje estão passando pelas mesmas perseguições das pessoas que era profetas antes delas. Jesus além de torná-la atemporal, promove uma verdadeira universalização destes bem aventurados, garantindo a todos uma menção honrosa no Reino de seu Pai.

Contudo, eu queria focalizar apenas um aspecto desta bem aventurança, o aspecto em que Jesus coloca a verdade como sendo uma condição fundamental, principalmente para aqueles que são perseguidos por pregarem a sua palavra, tendo como fundamento das acusações mentirosas e injuriosas. É importante que se observe isso porque hoje em dia a grande maioria dos pregadores é perseguida, mesmo que seja encontrada pregando a mensagem do evangelho, mas através de denúncias bem fundamentadas na verdade. Estes, na realidade não estão sendo perseguidos por anunciarem a vontade de Deus para os outros, mas através de perseguições que se tornaram justas e merecidas pela sua conduta reprovável segundo as leis humanas. Não está sendo questionada a verdade da sua pregação, mas a autoridade que estes, que se autodenominados profetas, reivindicam para si, colocando-se em posição ainda mais elevada do que aqueles que o próprio Jesus chamou de profetas tão somente porque se empenham na causa da justiça. Numa busca incessante que invariavelmente denuncia o ministério distorcido destes pregadores do evangelho.

Uma vez que por serem o que são, pregadores das verdades de Deus, ousam se colocar acima do bem e do mal, amaldiçoando aqueles que, pelo seu zelo pela justiça, colocam o seu ministério contra a parede. Para uma compreensão melhor da situação, o que temos hoje são profetas de Deus, que não estão ligados a qualquer igreja, denunciando os “profetas” de Deus que lideram a maioria destas igrejas. Por uma questão que jamais entenderemos os motivos, os ditos profetas recebem o seu galardão em vida, logicamente que não é nem de longe o galardão prometido por Jesus Cristo aos destinatários desta bem aventurança. É um galardão humano, calcado nos valores deste mundo, como jatos particulares, carros luxuosos, mansões no exterior etc. São reconhecidamente bem aceitos e bem recebidos. Tem os seus nomes e atitudes homenageados pelos governos iníquos. Influenciam milhares de eleitores a escolherem os candidatos que representam os seus interesses particulares. E em absolutamente nada arriscam o seu prestígio e fama.

Como disse Jesus, estes já receberam a sua recompensa. Por assim dizer, foram excluídos das bem aventuranças, para assumirem lugar nos ais que vem a seguir a elas. Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas (Lc 6.24-26). Mas se o que foi exposto ainda não ficou claro, encerro com as resumidas, porém objetivas palavras de Karl Barth, considerado o maior teólogo do século XX: O falso profeta é o pastor que agrada a todo mundo.

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