Quem é minha mãe?

Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo. Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos. Aleluia!  Salmo 113 
Jesus e Maria, afresco em Amhara, Etiópia
Texto do Rev. Jonas Rezende e uma homenagem deste blog ao dia em que a Igreja Católica Romana escolheu para homenagear a Virgem Maria como a rainha da mães.

Volto, pela terceira vez, a esse salmo. E quero destacar a maternidade, que o salmista reconhece como bênção especial de Deus. A figura da mãe, depois de Deus, é a mais importante em nossa vida. Porque a mãe é a plasmadora de muito daquilo que chegamos a ser. Embora as crianças pequenas vejam a mãe e o pai como um bloco monolítico, a presença materna se impõe, até porque fomos formados dentro dela. Um olhar mais atento nos mostra que o machismo não pode ser, na verdade, dominante.


A maternidade é a grande força da mulher. Como uma corrente subterrânea, a mulher pode nem sempre aparecer, mas a sua influência é um fato inegável: a mão que embala o berço governa o mundo, reconhece a sabedoria popular. Como em um teatro de marionetes, a mulher e, em particular, a mãe, deixam o palco para o homem, mas suas mãos conduzem os fios invisíveis das ações masculinas. O feminismo apenas quebra parte desta magia, quando reivindica o óbvio. E o feminismo rejeita, com razão, injustiças e a arrogância masculina. Mas eu insisto em que é um domínio que serve, até certo ponto, ao jogo de cumplicidades e conveniências para os dois lados: jogo que mal disfarça o poder muito maior da mulher. Da mãe, em última análise.

O Antigo Testamento pouco fala sobre a mãe. O saltério, quase nada, além dessa citação. E, no entanto, quem lê a Bíblia sabe que foi por causa de Bethsabá que Salomão, entre inúmeros irmãos, subiu ao trono no lugar de Davi, seu pai. Foi a política materna que levou o filho para o trono.

Acho natural que a mulher ocupe hoje todos os espaços, mesmo os que pareciam feudos masculinos: da condução de um ônibus até o exercício do poder executivo de uma nação.

Já existe uma tradução da Bíblia que retira os traços caricatos do machismo entranhado na narrativa sagrada. É com absoluta naturalidade que a Teologia ressalta hoje a face maternal de Deus. Assim, foi muito feliz a americana Ana Jarvis quando lançou as bases para o Dia das Mães, mas a mãe é muito grande para ser homenageada apenas em um dia. Acredito, porém, que como temos um único Deus, rejeitamos a idolatria de todos os modelos, e certamente não idolatramos a figura materna. Nossa prioridade continua sendo o Reino de Deus e a sua justiça, que devem ser buscados em primeiro lugar. A mãe é um ser humano sujeito a falhas e equívocos. Pode criar filhos dependentes e neuróticos. E fazer chantagens afetivas, passar falsos conceitos e valores às crianças que educa. Aspirar o lugar que apenas pertence a Deus. Foi por isso que Jesus perguntou aos seus seguidores: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Imagino que o mestre tenha feito um gesto abrangente, antes de concluir: quem fizer a vontade do Pai que está no céu, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

E depois detalhou: quem não amar menos o pai, a mãe, o marido, a mulher e os filhos do que a mim, não é digno de mim.

Não podemos nos esquecer que é Deus quem faz a mulher estéril viver em família e se tornar uma alegre mãe de filhos. Estou dizendo como o poeta brasileiro>

Ó, ter mãe, ter uma constante ternura!

Damos graças a Deus por tal ventura.

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