O Natal de todo dia

E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre! Lucas 1:42
Maria e Isabel se alegram, www.worshipsounds.wordpress.com
A impressão que se tem é que os protestantes históricos enfatizam as comemorações do Natal bem mais do que o fazem os seus irmãos católicos. Não se pode observar na maioria das igrejas católicas no Brasil um reboliço tão grande quanto o que acontece nas igrejas protestantes, principalmente nas mais tradicionais. Templos são ornamentados a caráter, autos e cantatas natalinas são exaustivamente ensaiados, crianças são vestidas para representar as passagens bíblicas alusivas ao Natal, tudo isso num clima que se intensifica com a expectativa da ignição das quatro velas que anunciam os quatro domingos do Advento. Realmente não há parâmetros para comparar a comemoração do Natal entre esses dois segmentos do Cristianismo, o que leva muita gente a crer que o Natal tem mais importância para o protestante que para o católico.

Contudo, o que parece ser um ponto a favor das nossas igrejas é, na verdade, um espetacular gol contra. Principalmente porque, diferentemente dos católicos, nos lembramos do Natal somente em uma época específica do calendário, enquanto eles o fazem em várias oportunidades ao longo do ano litúrgico. Basta olharmos com a devida atenção para vermos que uma quantidade grande de festejos, muito deles oriundos do sincretismo com outros credos, trazem a lembrança do Natal para o nosso povo. Não quero aqui discutir os absurdos argumentos dos reformadores atuais da igreja que alegam que não devemos comemorar o Natal por conta de ser originário de uma festa pagã da antiguidade, ou ainda pelo fato da improbabilidade de Jesus ter nascido nessa data. Esses nunca entenderão a importância do simbolismo que há por trás dessa comemoração em todo o mundo. Para estes o verdadeiro sentido da fé deu um salto do último escrito bíblico, até o surgimento da sua denominação. Tudo mais é heresia. Quero falar apenas àqueles para quem a lembrança do Natal ainda reserva algum significado.

Embora aprecie bastante, não vejo a necessidade e nem me sinto capaz de fazer qualquer outra coisa, além de citar as festas do folclore brasileiro, cujo Natal é a grande fonte de inspiração. Festas como: a Folia de Reis, Festa do Divino, as Pastorinhas, Bumba meu Boi e outras se somam a outras tantas oficialmente celebradas por esta igreja, tais como: Epifania, Apresentação do Senhor, Visitação de Maria etc.

Mas eu vim até aqui só para comentar sobre duas celebrações do Natal que independentemente de data ou época são frequentes na boca e no coração dos fiéis católicos. Elas estão representadas na primeira parte da oração da Ave Maria, e no belíssimo cântico Magificat, que embora possuam profundas e inspiradas raízes bíblicas foram banidas de vez das nossas celebrações. A simples menção de qualquer uma delas entre nós se constitui um pecado de alta gravidade.

Talvez seja unicamente pelo fato dessas fantásticas manifestações de fé contidas nas orações de Maria e Isabel estarem na boca de mulheres, o odioso orgulho masculino do cristão tem maquinado, ao longo do tempo, fazendo com que elas fiquem de fora do nosso repertório festivo, tentando apagar de vez a sua lembrança entre nós. Penso que nunca consideraram o quanto elas poderiam representar para o povo simples de nossas igrejas a lembrança permanente do espírito natalino. Não dá para entender como estes símbolos, que na mais pura verdade são os mais verdadeiros, mais contextuais e mais específicos anúncios do Natal fiquem de fora das nossas celebrações.


Não quero agora inventar moda, já estou muito velho para isso, mas pelo pensem na possibilidade de um dia enxergarmos o sentido menos festivo e mais libertador do Natal, e os nossos corações exultarem de alegria ao ouvirmos nas nossas cantatas, juntamente com Noite Feliz e o Aleluia de Handel, o glorioso cântico de Maria, conhecido e reverenciado pelos católicos como o Magnificat.
A minh'alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador
A minh'alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador
Pois Ele me contemplou na humildade da sua serva
Pois desde agora e para sempre me considerarão bem-aventurada
Pois o Poderoso me fez grandes coisas

Santo é Seu nome!

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