Bodas de Caná

As bodas de Caná, Paolo Veronese
Houve um casamento no povoado de Caná, na região da Galileia, e a mãe de Jesus estava ali.  Jesus e os seus discípulos também tinham sido convidados para o casamento. Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse:
— O vinho acabou.
 Jesus respondeu:
— Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora.
 Então ela disse aos empregados:
— Façam tudo o que ele mandar.
 Ali perto estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes nas suas cerimônias de purificação.  Jesus disse aos empregados:
— Encham de água estes potes.
E eles os encheram até a boca.  Em seguida Jesus mandou:
— Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao dirigente da festa.
E eles levaram.  Então o dirigente da festa provou a água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo e disse:
— Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você guardou até agora o melhor vinho. João 2,1-10

Jesus foi convidado para o casamento. O vinho acabou. Maria disse: Façam tudo o que ele mandar. A água virou vinho. Você guardou para o final o melhor vinho. Esta é a síntese da história que acabamos de ler. E o final é um bom final, para qualquer festa de casamento, claro que é! Um sinal tão positivo que foi bom para os noivos, assim como foi bom também para convidados. Um sinal que mostra de um lado preocupação, atenção e cuidado por parte daquele que oferece, e do outro a satisfação plena de quem está recebendo. O caminho que nos leva à interação com as outras pessoas é sempre indicado por esses pequenos sinais nessa relação infinita de troca.

No entanto, o primeiro sinal importante para um casamento feliz e duradouro deve ser o exemplo dado pelo casal do texto lido, convidar Jesus e seus discípulos para o casamento. Jesus aqui está representado pela cerimônia de um casamento cristão, onde pela fé entendemos que ele está presente, não na figura do pastor, que é tão somente mais uma testemunha, mas nessa aliança, nesse acordo de amor que os noivos celebram nesse momento. Se existe uma definição clara de Deus na Bíblia, é aquela que diz que Deus é amor, e uma recíproca totalmente plausível e verdadeira é: onde há amor, há Deus. Por outro lado, aqueles que aceitam o senhorio desse Deus sobre as suas vidas, devem ser identificados por esse mesmo amor. A presença desse conjunto, Jesus e seus discípulos, é um sinal claro de que o casamento de já começa abençoado.

Mas ao mesmo tempo em que essas presenças trazem a bênção, trazem também consigo enormes desafios, não só para o momento da cerimônia em si, mas para todos os momentos e circunstâncias que se seguirão a ela. O sermão na cerimônia de casamento serve para isso, não é para falar da beleza da noiva, muito menos da elegância do noivo. A função do pastor é alertar que o casamento será uma jornada dura e de constantes desafios. Assim como aconteceu no texto, haverá uma hora em que o vinho irá acabar. Surgirão momentos em que o inesperado trará surpresas nada agradáveis. É justamente nessa hora que o amor será provado. É nessa hora que vamos ter que nos lembrar de que convidamos Jesus para o casamento, e nos lembrarmos também do que disse a Virgem Maria, sua mãe: Façam tudo que ele vos mandar. Nessa hora devemos nos esquecer de quem é o direito e de quem tem razão. Esquecermos quem é o certo e quem é o errado. Esquecermos-nos de quem foi o culpado do vinho acabar. Ouçam e façam o que Jesus diz, porque a sua palavra vem revestida de um poder muito maior do que todos os nossos conceitos de justiça. Ela encerra uma lei que está acima de toda razão e além de todo direito legal. Ela traz a lei do amor. Esse amor que muda as relações e que transpõe dificuldades. Que dá sabor ao que não tem gosto, e apimenta o que não tem tempero. O único poder que pode transformar a água, que aqui representa a monotonia e o enfado, em um vinho de um sabor que jamais fora experimentado anteriormente. O amor que faz com que a alegria perdure por toda a vida, ou seja, faz a festa continuar. Quando o vinho acabar, lembremo-nos do que Jesus disse. Coloquemos em primeiro lugar o amor, em primeiro lugar amem, depois então façamos o que for preciso ser feito, sem dar muita conta para o que é possível ser feito, e é aí que vamos ver o milagre vai acontecer nas nossas vidas. (continua)

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