Dividindo a grana (final)

Mamon, G. F. Watts (1817-1904)
Uma das maneiras de avaliar os nossos valores e analisar em que gastamos o nosso tempo. Jesus disse que o que fazemos com o nosso tempo e com a nossa energia determina não somente os nossos valores conscientes, mas os inconscientes também. Ele disse assim: Pois o coração de vocês sempre estará onde estiverem as suas riquezas. Carl Jung registrou o seguinte: Se observarmos alguém de perto por um espaço de tempo, o que ele faz neste tempo pode nos dar um quadro completo de seus valores. Se ele passa mais tempo lendo livros do que assistindo futebol, nós podemos concluir que para ele livros são mais importantes do que esporte. Se
alguém gasta mais tempo tentando ganhar dinheiro do que gasta com a sua família ou com a sua devoção religiosa, - sabemos bem que a maioria de nós gasta mais tempo na luta pela sobrevivência, tentando apenas sobreviver, mas este não é o caso de muita gente, principalmente da classe média – se uma igreja gasta a maior parte de sua arrecadação na sua manutenção, isto nos revela a nossa pouca preocupação em dar água para os sedentos e pão para os famintos. Basta apenas olharmos o extrato bancário ou do cartão de crédito.

Vamos voltar para a nossa pergunta. Qual deve ser a atitude para com o dinheiro?  Para aqueles que creem em Deus, a mordomia é a chave, porque a questão não é a pobreza ou a riqueza. A questão não é o quanto dinheiro temos ou o quanto de dinheiro precisamos. Paulo quando escreveu aos filipenses disse: Não estou dizendo isso por me sentir abandonado, pois aprendi a estar satisfeito com o que tenho. Sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que é preciso. Aprendi o segredo de me sentir contente em todo lugar e em qualquer situação, quer esteja alimentado ou com fome, quer tenha muito ou tenha pouco. Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação. Então a questão não é a quantia que temos, mas sim de como estamos usando o dinheiro. Ou melhor, como não estamos usando sabiamente os nossos bens sendo mordomos de Deus. Como cristãos nós temos um jeito diferente de encarar o dinheiro, por isso nós agimos diferente, nós agimos conforme um princípio distinto. Não achamos que o Reino de Deus possa ser comparado a qualquer sistema financeiro. Também não determinamos se o cristão deve viver na pobreza ou na riqueza. Mas temos a consciência de que devemos estar prontos para usar tudo o que temos e tudo o que somos em favor do próximo, quando isto nos for exigido.

O nosso drama com o dinheiro é que temos que trocar uma parte da nossa vida para ganhar esse dinheiro. Por exemplo: Eu tenho dado a minha experiência profissional, eu tenho dado a minha capacidade criativa, eu tenho dado o meu esforço e horas da minha vida para o benefício de alguém ou de alguma causa, e eles, em troca, me tem dado dinheiro. Por isso eu estou mais cansado, mais enfraquecido, mais estressado e mais velho cada vez que eu consigo ganhar algum dinheiro. O dinheiro me custa muito. Então, o dinheiro que eu ganho trabalhando é genuinamente meu. Este dinheiro, num certo sentido, é parte da minha própria vida, custa parte dela ganhar esse dinheiro. Este é o problema de todos hoje. Como cristão eu jamais posso aceitar o ganho da loteria, porque o dinheiro que foi ganho desta maneira não me custou nada, em relação ao dinheiro que eu gastei para jogar, que me custou trabalho. Este dinheiro não é genuinamente meu. Então, desde que o dinheiro seja realmente meu, eu sou livre para gastá-lo como eu bem quero. Eu posso acumulá-lo, eu posso colocá-lo para render, eu posso usá-lo para fins ilícitos, posso emprestar com juros exorbitantes, mas se eu pegar esse dinheiro que me custou tanto, esse dinheiro pelo qual eu tenho dado a minha vida e reparti-lo com os outros, então, de uma maneira bem explicita, eu estarei dando a minha vida para os outros, exatamente como Jesus Cristo me mandou fazer. A mensagem dele existe para me ajudar nesta tarefa. Como eu preciso contribuir com a minha igreja. Não porque ela esteja precisando desesperadamente do meu dinheiro, ou de mim. Não porque o Reino de Deus irá à falência se eu não contribuir. Mas porque eu não posso continuar amando o meu Deus, eu não posso continuar amando o meu próximo, sem dedicar o meu dinheiro à causa do meu Senhor. Mesmo que eu comece com uma pequena parte, não importa a quantia, o importante é que eu comece a mostrar o meu amor a Deus e aos outros dando a mim mesmo. Não foi simplesmente para testar a fé do jovem rico que Jesus lhe lançou esse enorme desafio. Não foi para fazê-lo ficar pobre, mas para saber onde realmente estava o coração dele.

Isto é apenas um pequeno aspecto da nossa atitude com relação ao dinheiro e às riquezas. Talvez devesse falar um pouco também da relação de troca que campeia abertamente em nossas igrejas. Do quanto hoje estamos nos aproximando de Deus por interesses financeiros. É bem provável que eu faça isso em outra ocasião. Para tanto deixo apenas o pensamento de Roger L'Estrange: Aquele que serve a Deus por dinheiro servirá ao diabo por salário melhor.

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