Tendo-o encontrado,
lhe disseram: Todos te buscam. Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros
lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para
isso é que eu vim. Marcos 1.37s
Semão da Montanha, Bertalan Pór (1880-1964) |
Durante há algum tempo tenho percebido também que esta não é
a única forma de se fazer esta pergunta, posto que ela está embutida em várias
outras perguntas que jamais ousamos fazer, como também em alguns assuntos sobre
os quais evitamos falar.
Muito recentemente eu fui questionado por ter afirmado que a
finalidade precípua de Jesus não era a de fazer milagres, e que estes
aconteceram como consequência, e não como causa. Esta questão me foi colocada das
maneiras seguintes:
1- Por que então ele fez milagres?
2- Não seria mais adequado afirmar que: Jesus veio implantar
definitivamente o Reino de Deus e para isto teve que fazer milagres?
Não quero parecer um visionário, mas no meu entender essas
perguntas estão diretamente ligadas à pergunta anterior. Uma vez que as pessoas
deduzem, e com argumentos bem sólidos, que tanto a capacidade quanto a
necessidade de Jesus fazer milagres estavam intrinsecamente ligadas ao seu
ministério terreno, mesmo que o próprio Jesus tenha deixado bem claro que veio
para anunciar, pregar e proclamar o Reino de Deus. Isso pode ser percebido
também na sua pré-disposição de fazer um ministério itinerante, sem ter qualquer
lugar como referência, uma prática que um curandeiro da sua época jamais pensaria
adotar. Vejam, por exemplo, que as pessoas se dirigiam para o deserto, pois
sabiam que era lá que João Batista estava. Isso sim é bom para o “negócio”. Jesus,
por seu turno, fez o contrário, através da sua irrevogável decisão de visitar
cada cidade e cada aldeia onde se encontravam os Perdidos da Casa de Israel.
Não sei nas outras religiões, mas tudo no Cristianismo assume
proporções descomunais, que se desdobra em questões intermináveis. Nunca é
simplesmente uma questão de crer ou não crer. Nada se esgota dentro de um
ambiente restrito. Jamais os fatos assumem características domésticas e
propícias somente a uns poucos iniciados. Até mesmo a obrigatoriedade ou não de
Jesus fazer milagres, um tema que deveria ser discutido apenas entre acadêmicos,
não tardou em ganhar as esquinas, ruas e avenidas, tanto no tempo dele quanto
no nosso tempo. Não tenho como acreditar que a maioria dos mais de cinco mil
homens que estavam presentes no famoso Sermão da Montanha, foi lá apenas para
ouvi-lo e não pelos seus milagres. Assim com também não posso crer que a
superlotação de algumas igrejas seja causada por pessoas interessadas em ouvir todas
as boas notícias que o evangelho tem a dar.
O reflexo de tudo isso hoje é um a busca frenética pelos
milagres, mas não como uma bênção ou mesmo uma dádiva não merecida. Já assumiu a forma de retribuição obrigatória por um sacrifício dedicado a Jesus, sacrifício esse
que pouquíssimas vezes chega a ser usado em favor do Reino que ele veio implantar.
E é isso que tem feito a diferença. As
pessoas não têm mais a preocupação de averiguar onde e em que proporção as suas
ofertas estão sendo empregadas. Não importa nem mesmo se elas estão prestando
um desserviço ao evangelho. Importa sim se o milagre vai ou não acontecer, se a
unção será ou não derramada. Não é mais uma questão de consciência, de sensação
de dever cumprido, de tentar ajustar as contas com Deus. Bem sintetizou o bispo
Macedo em uma reunião com os seus pastores:
Entendeu como é? Se quiser (dar), amém! Se não quiser, que se dane! Ou dá ou
desce.
Confira em: http://www.youtube.com/watch?v=v9-4_hOe9-0
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