A que perigos nos leva a embriaguez? II

A queda dos anjos, Gerônimo  Bosch
A embriaguez e a vigilância
O que a embriaguez nos faz esquecer nas horas de laser, pode trazer graves consequências na realidade mais profunda do compromisso moral. A confirmação mais objetiva deste preceito nos vem através da mãe de um rei árabe que se chamava Lemuel. Sua mãe detectou que além do relacionamento promíscuo com várias mulheres, o vinho e as bebidas fortes eram também um meio pelo qual o direito dos aflitos era esquecido: Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos, às que destroem os reis. Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes
desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos. (Pv 31.3ss) Curiosamente, esta mesma senhora recomenda que se dê bebida forte aos amargurados de espírito, como um estímulo ao esquecimento das suas mazelas e sofrimentos.

Neste mesmo livro encontramos outra implicação grave da embriaguez. O descuido com a autopreservação. O autor deste provérbio enfatiza que dores e feridas injustificadas acompanham de sempre perto todo aquele que bebe além da conta: Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. (Pv 23.29s) Ele até mesmo dá o limite do consumo de vinho: Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco. (Pv 23.31s) E prediz as consequências: Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se deita no alto do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber.

Porém, nenhum nem outro foram tão enfáticos quanto o profeta Isaías quando pregava por toda nação que o embriagado esquece o desígnio de Deus: Liras e harpas, tamboris e flautas e vinho há nos seus banquetes; porém não consideram os feitos do SENHOR, nem olham para as obras das suas mãos. (Is 5.12) Dizia também que a embriaguez é sintoma e imagem de um espírito entorpecido e incoerente. Loucos se tornaram os príncipes de Zoã, enganados estão os príncipes de Mênfis; fazem errar o Egito os que são a pedra de esquina das suas tribos. O SENHOR derramou no coração deles um espírito estonteante; eles fizeram estontear o Egito em toda a sua obra, como o bêbado quando cambaleia no seu vômito. (Is 19.13s)

Nesta mesma linha de pensamento, o Segundo Testamento vê na embriaguez o abandono da vigilância pela qual o cristão se afirma na salvação que está acontecendo e que acontecerá na terra. Os evangelistas registraram palavras de Jesus que advertiam severamente aqueles que se embriagam por terem se deixado enganar por falsas profecias e por leitura errada dos sinais dos tempos, e agora se veem cansados de esperar pela sua volta: Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios. (Mt 24.48s)

Para não ser insensível a constante vinda de Cristo através do Espírito Santo é preciso estar sóbrio e vigilante, pois vai alta a noite, e vem chegando o dia: Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. Ora, os que dormem, dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam. Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação. (I Ts 5.7ss) (continua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...