Hoje está fazendo um ano

Primeira homepage deste blog, março de 2012
Foi exatamente no dia dois de fevereiro de 2012 que eu liguei para o meu amigo Valmy Guanaes para pedir a sua opinião sobre umas postagens de sermões que eu havia colocado no que poderíamos chamar de ensaio deste blog. Diante da sua aprovação, dei continuidade ao empreendimento que hoje comemora um ano de existência. Um resumo despretensioso diria que foram 366 dias, nos quais foram postadas trezentas e cinquenta e nove meditações (uma semana de folga), que receberam cento e sessenta e três bem vindos comentários e que tiveram perto de treze mil acessos de pessoas de vários países. Números modestos se comparados a outros blogs, porém, mais do que animadores para mim, que tenho sido ouvido em cada sermão por um público menor do que quarenta pessoas, e que todas as vezes que me dirigi a um grupo maior, estava dividindo o púlpito com outros pregadores.

Bem sei que deveria convidar alguém para que fizesse uma apreciação honesta deste período, mas não consegui me lembrar de nenhum nome, a não ser o meu amigo João Wesley, citado algumas vezes aqui, mas que infelizmente faleceu no meio do ano passado, me tirando a única opção viável. Eu até teria grandes que ficariam satisfeitos, penso eu, em escrever algumas linhas, mas não seria justo, uma vez que não acompanharam a nossa trajetória de relativo sucesso e nem, como vocês, relevaram uma ou outra meditação que alguém poderia classificar de medíocre, sem que eu pudesse contestar.

Pretendo continuar seguindo esta rígida linha de postagens que se baseiam exclusivamente na Bíblia, não fazer ataques diretamente a pessoas, mas sendo inflexível com a heresia e o mau uso das Escrituras. No mais, queria agradecer a você, que anonimamente me acompanhou, a você que divulgou o blog, e a você que expôs publicamente a sua opinião. O blog continuará recebendo comentários sem qualquer moderação ou censura, e o material continuará liberado para cópia ou reprodução sem restrição. Caso seja possível, sei bem que nem sempre o é, que a fonte seja citada, para que eu possa comemorar mais um ano do blog em 2014.

A título de abertura de novo período, transcrevo a parte final de um dos meus livros: Deus o fez Senhor e Cristo, que segue a linha de consolação das últimas postagens.

O foco da terceira e última finalidade é o exagerado anúncio da glorificação, da entronização e da coroação de Jesus como os únicos atos válidos de louvor ao seu nome como se todo seu ministério se resumisse a isto. A hinologia moderna, nas raras vezes que cita a cruz, o faz como finalidade específica de anunciar a glorificação, mas não é bem assim a pregação do evangelho. Não se faz o anúncio da boa nova propagando-se exclusivamente as vitórias. É preciso se ter em conta que a vitória real e definitiva contra o mal só pode ser enxergada pelos olhos da fé na ressurreição. Sob todos os outros pontos de vista foi o mal quem saiu vitorioso. E este foi o grande dilema pelo qual os primeiros cristãos passaram. O seu mestre não estava mais presente e o Reino por ele anunciado não havia chegado. Como conciliar estas duas realidades? Naquela cruz, Deus permitiu que o mal se superasse enquanto afligia o seu eleito, para que desta forma exaurisse todas as suas forças e potencialidades. Nenhuma oposição lhe foi criada e nenhuma resistência lhe foi feita. Embora presente na cruz, Deus não se apresentou senão com amor submisso, abrindo mão de qualquer resquício de divindade e de qualquer forma de poder. O menor comprometimento de Jesus com a onipotência ou com a onisciência tornaria inválido todo o plano de salvação, uma vez que a entrega voluntária feita por Jesus de si mesmo estaria condicionada ao fato de que, como Deus, as circunstâncias, mesmo se mostrando absurdamente adversas, estariam sob seu inteiro controle. É preciso que se veja que o mal não estava confrontando diretamente a Deus, contra quem nada pode, mas sim ao seu eleito, que carregava sobre os ombros a esperança de Deus na essência da natureza humana. O intuito do mal era infligir uma derrota à criatura e, através dela, frustrar o plano elaborado por Deus para o seu resgate definitivo deste mesmo mal. Quando na cruz, era a natureza humana de Jesus que contava, era a sua impotência que se fazia presente. Sobretudo, permanece o fato de que, naquela cruz, um inocente estava sendo punido por um crime que não cometera. Que este inocente, na sua hora de angústia, experimentava o seu maior desamparo. Uma sensação de abandono tão flagrante, que impossibilitavam qualquer reivindicação de favor ou vínculo com a divindade. Guardou sua última lucidez para revelar aos homens a força do seu amor pela humanidade:
– Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
Guardou seu último suspiro para revelar a Deus a fragilidade da sua própria humanidade:
– Pai, por que me abandonaste?

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