O que é MAGIA?

Feiticeira de En-Dor, Nikolay Ge em 1857
Diante de uma cultura que o esmaga e de manifestações que o atemorizam com o fim de dominá-lo, o homem procura de todas as formas adquirir um poder que ultrapasse as suas próprias forças, que o torne senhor da situação e do seu próprio destino. Se hoje os métodos mudaram, a tendência e o desejo de se assenhorear do desconhecido continuam enraizadas no coração do homem, o que o leva a realizar práticas ancestrais.

A divinização de adivinhos e a idolatração de feiticeiros, foram condenadas eficazmente pelos profetas: Dt 18.10ss - Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR. Juntamente à prática da magia estão conectados encantamentos, maus agouros e uso de símbolos de encarceramento ou de bloqueio. Magias que os hebreus aprenderam quando em contato com egípcios, caldeus e cananeus. Costumes abominados por Deus, pois em Israel ele só permitiria profetas: Is 44.24ss - Eu sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra; que desfaço os sinais dos profetizadores de mentiras e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios, cujo saber converto em loucuras; mas que confirmo a palavra do meu servo e cumpro o conselho dos meus mensageiros. Contudo, essas não devem ser confundidas com a ciência astrológica dos magos.

Na luta contra a magia, editam-se leis e transmitem-se lembranças que fazem o povo recordar do julgamento da revelação divina sobre os que a praticam. Três códigos da lei mosaica punem a magia com pena de morte: Lv 19, Dt 18 e Ex 23, e códigos suplementares proíbem as práticas supersticiosas desses povos: Dt 14.21c – Não comerás o cabrito cozido no leite da própria mãe. Condena-se sumariamente o sacrifício de inocentes e ritos de fertilidade. A menor dessas práticas era tida como a maior das idolatrias.

Outra série se narrativas condenam os que pela sua magia se consideravam divinos. Assim José vence os magos do Egito e Daniel confunde os sábios caldeus. Narrativas como essas visam formar uma consciência histórica, ridicularizando, quando preciso, elementos lendários locais: como Moisés fez Janes e Jambres e também Paulo com Elimas; Pedro desmascarando o mago Simão; com a pitonisa de Filipos e os exorcistas judeus de Éfeso. Os milagres e as profecias não dependem dos elementos da magia, pois ambos procedem da providência e do cuidado de Deus, ao contrário da magia que afasta os seus adeptos dessa bênção.

A tentação à magia é grande, e Jesus também é submetido a ela. Satanás tenta convencer Jesus a usar o seus atributos divinos para beneficio próprio, mas Jesus não quis fundamentar o seu ministério no benefício imediato e transitório, mas na construção de um Reino de justiça. Mas é bem certo que o Primeiro Testamento usou algumas práticas originariamente mágicas. Maquiando-as e purificando-as fez com elas servissem ao Deus verdadeiro. Mesmo sendo proibido o uso de sangue, o sacerdote realiza com ele o rito de purificação. Mas todo rito que se tornava supersticiosa era abolido, como a serpente de bronze, não porque Deus temesse a concorrência da sua divinização, mas para que o povo não se sujeitasse à manipulação através deles, mesmo se tais ritos se realizassem em seu nome, daí a proibição de se utilizar o seu santo Nome em vão.

Criado livre e capaz de optar por Deus, o homem recebeu de Deus o domínio sobre si, e com isso a capacidade de influenciar o mundo e participar da sua história. O homem não nasceu sujeito à magia, a qualquer tipo de religião e dependente das ciências exatas ou exotéricas. Nenhuma delas substitui ou obscurece a mais simples e singela manifestação de fé.

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