O quadro de Jesus I

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida. Salmos 103.2ss
O gadareno, Braulio Barquero (1980-)
Como vamos pintar o quadro de Jesus, o Cristo? Se eu tentasse o faria colorido. Mas não importa de que maneira pintamos o quadro dele, não importa se usamos lápis cera, tinta óleo ou grafite, como fizeram os grandes artistas de todos os séculos. Não importa se tentamos pintá-lo em sermões, como os pastores têm feito domingo após domingo. Não importa se tentamos pintá-lo nas lições da Escola Dominical. Não importa se tentamos pintá-lo nas nossas orações, na nossa devoção, na nossa imaginação ou no nosso amor. Isso porque em cada uma das fases da nossa vida temos que responder essa mesma pergunta: como vamos pintar o quadro de Jesus, o Cristo?

Olhando para o evangelho de Mateus nós achamos a resposta. Se olharmos para o evangelho todo veremos que este evangelista usou uma cor predominante e viva. Ele deu a Jesus uma expressão forte e um traço de grande intensidade. São Mateus pintou o quadro de Jesus como sendo aquele que cura. O Salvador é aquele que cura. Jesus Cristo é aquele que cura. É surpreendente como essa cor forte que revela a expressão viva da natureza de Cristo tem se desvanecido em nosso tempo. Que perda hein? Justamente hoje quando mais precisamos ser curados perdemos a visão daquele que pode nos curar. Por quê? Por que temos desconsiderado aquilo de que mais precisamos?

Certamente os evangelhos não são os culpados. Eles estão repletos de histórias de cura. Então, os culpados somos nós, sou eu. Quando eu prego um sermão sobre cura, o faço com medo, porque esse é um filão tão explorado e tão abusado em nossos dias, que acabo achando melhor nem tocar no assunto. Os pastores, os teólogos e os leigos professores da Escola Dominical são culpados, porque se esqueceram de que a palavra Salvador significa aquele que cura. Nós temos nos esquecido de que a palavra Salvador significa aquele torna a unir aquilo que está quebrado, tanto no corpo quanto na mente. Salvação é a cura. Jesus Cristo é o Salvador que cura. Este é quadro pintado por Mateus.

A mulher que tinha hemorragia encontrou Jesus e voltou para casa curada e limpa. O endemoninhado encontrou Jesus e foi libertado da sua divisão mental. Aqueles que estão quebrados e divididos são curados, e essa é a verdade porque o Reino de Deus tem chegado a nós. Essa é resposta que Jesus deu aos fariseus quando eles duvidaram do seu poder de curar. Foi também a resposta que deu a João Batista para ajudá-lo em sua dúvida: Mt 11.4ss - Jesus respondeu: — Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo. Digam a ele que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho. E felizes são aqueles que não abandonam a sua fé em mim! A natureza do Reino de Deus é curar aquilo que está doente. Salvar fazendo sadio aquilo que está quebrantado.

As história e cura que os evangelhos nos contam não são histórias de um passado em que os milagres aconteciam. Elas estão nos evangelhos porque são histórias de cura para nós hoje. Essas histórias não somente mostram a condição humana, que é a mesma desde sempre, mas nos mostram também a atitude que faz possível a cura, e essa atitude é o que chamamos de fé.

Fé não significa a crença naquilo para que não há evidência. A fé nunca poderia significar isso numa religião autêntica, porque ela não prega uma fé cega. A fé significa ser agarrado por um poder maior do que nós. A fé significa ser alcançado por um poder que nos tira da letargia doentia, nos transforma e nos cura. Render-se a esse poder é ter fé. (continua)

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